quinta-feira, 27 de agosto de 2009

ela une todas as coisas.

O maior amor que existe dentro de mim é de uma única pessoa. A mulher que me ensinou a dar todos meus passos. Aquela que desde pequena me colocou no colo e jamais me soltou. Hoje sou um reflexo de tudo que aos longos do ano aprendi com Ela. Mas nunca conseguirei chegar a essa essência maravilhosa que pertence somente a Ela. Minha mãe é daquelas mulheres raras, que quando encontramos, ficamos encantados, admirados, e por conseqüência, queremos ter sempre ao nosso lado, para que possamos compartilhar de tudo que Ela nos permitir.

Forte e lutadora, acredito que em cima dessas duas palavras, é que consigo vê-la como uma fortaleza. Minha mãe perdeu seu maior amor muito nova, a morte os separou. Eles eram apaixonados, amantes, amigos. Minha mãe achou forças para continuar a vida, assumir as rédeas de tudo, me ensinar a dar passos e apoiar meus irmãos em fases tão complicadas. A sua dedicação a família é parte do meu intenso orgulho. Minha mãe é minha melhor amiga, minha cúmplice, a responsável pelas grandes decisões que eu já tomei. A que me segura quando desabo, e que me dá broncas quando necessário. Compartilhamos uma união impar, vivemos juntas, somos praticamente uma. E o amor é nosso pilar para que tudo caminhe bem.

Minha mãe me respeita, mesmo sendo tão difícil. Minha mãe entende meus limites, e aceita que eu viva o que desejo, mesmo que isso não seja o esperado por Ela. Apóia, conversa, aconselha, e vive, vive intensamente o que eu vivo. E tento refletir tudo que Ela me ensinou pra minha vida. Tento assimilar que não adianta o querer, sem reflexão, sem entendimento, sem pensamento. E Ela consegue trabalhar isso da melhor forma dentro de mim, me ajudando, me ensinando, me fazendo refletir.

Seu amor e dedicação a Deus é a parte que mais admiro. A parte que mais me fascina, e me mostra quem é a grande mãe que tenho. Sou de uma família católica, e sou intensamente feliz por isso. A Igreja nos acolhe, brinda a nossa história de vida. Tenho orgulho de falar sobre isso. Minha mãe dedica seus dias a vida religiosa. Luta, ensina a crianças e jovens, doa seu amor, e só cresce. Vejo a paz dentro dela, vejo o amor tão fortalecido e vivo. Vejo vida. E sei que essa é a maior fonte de tudo que sou. Se hoje, tenho princípios, ética e moral, tudo é decorrente dessa longa vida junto a Deus, a Igreja, aos amigos e a paz que isso tudo engloba. Nascemos e crescemos nesse ambiente, o ambiente escolhido e amado. Tenho orgulho de ver minha mãe ensinando crianças, dando comida aos pobres em madrugadas, rezando para todos, brincando com todos, sorrindo, dividindo, ensinando a jovens, sendo sempre convidada a ser madrinha, sendo amada, tão amada. É a realização dela, e por conseqüência a minha.

Minha mãe é minha Rainha. A única que jamais sairá do meu coração, aquela que me ensinou que esse é o único amor eterno, e assim nutrimos todos os dias esse sentimento único. Ela é minha, mas com Ela, aprendi que compartilhá-la com outros, é dar o real valor a tudo que nos acolhe. Dividir é dar mais valor ao que temos. Então, sintam-se íntimos, pois todas as pessoas deste mundo deveriam conhecer Tia Geanette, Mãe, minha Mãe.

Mãe, Feliz Aniversário! Um brinde ao maior amor da minha vida.

"Ela está em todas as coisas, até no vazio que me dá.
Quando vejo a tarde cair e ela não está.
Talvez ela saiba de cor, tudo que eu preciso sentir.
Pedra preciosa de olhar! Ela só precisa existir para me completar.
Ela une o mar com o meu olhar.
Ela só precisa existir pra me completar.
Une o meu viver com o seu viver.
Ela só precisa existir para me completar."

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

um momento.


As vozes das minhas crianças acalmam meu coração. Elas falam sobre coisas bobas, me chamam, disputam pelo controle, reclamam que a pizza está demorando, e a todo momento: "Rebecca, coloca lá" ou "Pára Hanna, Tia Geanette vai ver o que quer" ou ainda paro pra ver o grande gato Billy deitado nas pernas da minha mãe. Enquanto o primo que está virando um homem está na malhação diária. São momentos que a minha família proporciona, eu fico encantada com tanta união e amor. Eu to sentada, escrevendo esse texto, e os admirando em silêncio. É uma paixão nutrida por muitos ingredientes. E não consigo jamais explicar o que nos faz ser sempre assim, felizes.

Eles não sabem que estou emocionada. Não estão me olhando. Só reclamam: "Carol, vem pra cá, fica com a gente". E porque to escrevendo esse breve texto? Parei pra ver fotos antigas, lembrei de momentos únicos onde tive essa família vivendo intensamente essa calorosa união. Uma única vez, eu consegui "dividir" minhas crianças com outra pessoa, por amor, muito amor. E era encantador ver que elas eram apaixonadas, amavam, e viviam intensamente o que eu vivia. Ao ver essas fotos no computador deles, vi uma longa parte da minha vida, que jamais será esquecida, a melhor parte. Mas a parte ruim disso tudo, é quando eles perguntam: "Carol, mas porque..." E eu não consigo responder.

Deixa eu lavar esse rosto e voltar pra Eles. Um dia eu consigo responder.



(Minhas crianças, meus amores)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

saudades.


Saudades é o meu medo constante. A saudade pode causar alegria e pode causar tristeza. São meus dois extremos que podem entrar em conflito, é quando do sorriso, passo a chorar. Ou da lágrima, começo a gargalhar. É aquela dor doce que às vezes gosto de sentir. É o tempero dos meus sentimentos. E em alguns momentos é o desespero que entra sem permissão.

Ela é uma constante, com variáveis. É meu infinito particular, o vai e vem que não abandono. Verdades que me dominam, com força para manipular meus pensamentos. A saudade determina o que penso, o que sinto e o que quero. Sou vazia sem o frio que ela causa, sem sentir a dor da lembrança e a alegria do guardado. É viver tão intensamente a vida, permitindo-me que mais tarde, isso venha a se tornar saudades. É a minha certeza de que tudo jamais será esquecido. É recordar com carinho os momentos já vividos. É guardar dentro de si a preciosidade dos sentimentos.

Sinto saudades. De você, de nós, de tudo.

domingo, 16 de agosto de 2009

A falta que você me faz


Num lugar tão cheio, fui percebida por você. Nunca me vi como alguém que despertasse interesse alheio, mas naquele dia eu consegui, sem saber. Eram muitos amigos, muita música, bebida, pessoas e fui para casa como mais uma noite vazia, mesmo com você me enxergando. As luzes daquela noite me atormentaram, as vozes me enlouqueciam, os encontros me cansavam, e eu não consegui te ver. Você era o amor perdido no meio da multidão.

Meu cabelo balançava, eu era solitária menina dentro de um universo tão gigante. Mais uma integrante da grande festa. Aquela que ia pra lá e pra cá procurando novas conversas, novas pessoas e novos acontecimentos. E mesmo assim, não te encontrei. Você era quem eu procurava. Exatamente quem eu queria encontrar. Eram tantos os obstáculos, e eu não consegui te ver, mesmo tão bela.

Buscava cor para aquela noite, via tudo preto e branco. Buscava alegria, ela era distorcida. Buscava paz, só existia barulho. Buscava o meu sonho real, e só conseguia me perder entre alguns beijos e ao excesso de bebida. Cheguei perto, mas andava perturbada, entre mãos, abraços e olhares. A bagunça te escondia de mim, e eu não consegui te ver.

Mas você me viu.

[lembranças]

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

meu herói...

Quando eu era pequena, tinha um herói em minha vida. Um homem tão inteligente, que me fazia ficar sentada ao lado para ouvir tudo. Um homem tão bonito, que me dava orgulho caminhar junto a Ele. Um homem tão amoroso, que me fazia amá-lo mais ainda. Um homem tão íntegro, que me deu a base para tudo que sou hoje. Um homem tão batalhador, que me ensinou a jamais desistir. Um homem, que me deixou as maiores recordações de uma vida. Mesmo tendo vivido ao meu lado tão pouco tempo.

Ele era meu herói. Ele brilhava aonde passava. Tinha amigos, gostava de sentar a mesa com a família. Me tratava como princesa, fazendo todas as minhas vontades, mas também era capaz de brigar quando necessário. Era o Tio de diversos amigos ao longo da vida. Me ensinou a amar a música. Me levava pra pescar bem cedinho, só pelo prazer de viver. Planejava viagens familiares, que até hoje inesquecíveis são. Ele me apresentou o Brasil de ponta a ponta, com o prazer de nos ver feliz. Esse homem jamais deixou de sorrir pra mim. Ele não media esforços pra me fazer feliz.

Mas esse mesmo homem, foi capaz de esconder de mim, a maior dor que já vivi. Foi capaz de fazer com que toda a família mentisse para que eu não sofresse. Ele pensou em mim até os últimos minutos, sem saber que consequências eu levaria disso, só pensava no meu bem, no meu coração, e nesse amor incondicional. O meu herói era minha referência, era meu porto seguro, era quem eu mais amei nessa vida, e sem se despedir, Ele partiu. Longos foram os anos para aceitar e entender que Ele tentou me proteger de tudo, sabendo que minha dor seria muito grande. Meu herói, continua vivo em mim. Tão vivo, como se Ele estivesse ao meu lado agora sorrindo.

Eu lembro exatamente de todos os acontecimentos, como hoje fosse. Toda minha família já sabia, e eu fui excluída. Numa terça recebo a notícia: "Carol, seu Pai teve um problema e vai ficar no hospital para fazer uns exames. Você quer ir lá amanhã?" Como assim perguntam se eu quero ver meu Pai que foi internado? O meu herói poderia estar em apuros, sem eu saber? Uma cabeça de 13 anos, perdida, assustada, triste e pensando que algo deveria fazer, mesmo sem saber o que estava por vir. Eu não sabia exatamente nada, só entendia que a pessoa que mais amava estava em perigo.

No dia seguinte, me levaram, e tudo me assustava mais, porque não foi simplesmente me levar. Me prepararam para algo a qual eu não sabia o que era, percebia tudo, todos preocupados somente comigo, como se eu fosse o problema e não o meu Herói. Cheguei ao local. Minha única reação foi correr, correr por corredores que eu desconhecia, chorar, gritar, e assustar a todos que me viam. Eu li sozinha e entendi tudo sozinha, tudo que evitaram em um segundo foi desmascarado: INCA. Ler isso responde qualquer questionamento. Depois de tanto, conseguiram me conter, e consegui entrar no quarto, sem palavras, assustada, perdida e com muito, muito medo. Foi o maior medo que já senti, medo de olhar para Ele, medo de viver, medo de não ter respostas. Medo do que eu já sabia, mas não queria acreditar.

Ele me acolheu, como sempre, com o amor interminável. Ele chorou. Eu chorei. Eramos um, e uma dor infinita. Fomos observados e respeitados, por saberem que era um amor único, que poderia mudar a minha vida, de um dia para o outro. E mudou. Ele brincou, conversou, mas não tocou no assunto. E eu aceitei, era o meu amor, Ele podia tudo. Foram dias tristes. Exatamente cinco dias. Cada dia tudo piorava, e não existia mais resposta, existia uma única certeza, algo iria acabar. Em cinco dias meu Pai faleceu, exatamente no horário da Ave Maria, tocando a oração nos corredores... Não existiu tristeza igual em minha vida.

Meu herói me deixou. O homem que eu mais amei nesse mundo partiu, em apenas uma semana, eu tive que encarar a morte, a dor, a tristeza, a solidão, o fim. O "nós" acabou. E meu futuro? Todo Ele foi modificado por esse dia. Toda minha vida é ligada a esse fato. E até hoje carrego a sensação que não nos despedimos, e por isso Ele está do meu lado diariamente, me vigiando, e cuidando de mim, junto a Deus.

Hoje, completa 15 anos que Ele partiu, e tenho certeza que Ele tem muito orgulho da filha que tem. Tenho certeza que Ele deve dar gargalhadas das minhas aventuras, sofrer quando eu sofro, me espiar durante meu sono, e sempre sorrindo, com o sorriso mais lindo do mundo. Meu Pai é o meu eterno herói... E é a minha dor, solitária e infinita.


"Me diz qual a razão... Pra eu não ir também... Me diga já... Onde ele está?"

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

vizinhos.

Vivo há 20 anos no mesmo lugar. Tive uma infância impecável, onde diariamente me divertia com tantos amigos, brincando de tudo, tudo que na minha época era permitido e apaixonante. Moro num condomínio, com 9 prédios. A quantidade de crianças sempre foi o atrativo para moradores se encantarem com o espaço. Eramos um grupo, com infinitas qualidades e defeitos, mas unidos. Eramos vizinhos, que todo dia gritavamos os nomes em janelas para que a brincadeira começasse. Tudo era perfeito. Os lanches feitos pelas nossas mães, as nossas brincadeiras, a praia a qual nos aventuravamos, e o início da nossa adolescência.

Em todo grupo temos um líder, sempre aquela voz que nos une, e dita o tom da festa. No nosso, de tantas crianças, não seria diferente. Tinhamos o João 'Gago', ele realmente era gago. Mas era a pessoa mais animada do mundo, que nunca deixou de brincar mesmo crescendo, que sempre tratou todos da mesma forma, e protegia a todos, como um verdadeiro líder. Nossa adolescência não nos afastou, nos uniu. Eram dias e dias que ficavamos noites inteiras conversando, brincando com os jogos de tabuleiros e não perdendo a essência de nada que nos rodeava.

João era vascaíno. Lembro exatamente do domingo, que recebemos a notícia que ele faleceu. Na saída de um Vasco x Fluminense, ele morreu por balas perdidas de uma briga de torcedores do Vasco. Foi a pior notícia que poderíamos receber naquela época. Foi triste demais. Não sei se no fundo, João sabia o quanto representava para todos nós, mas com certeza, no céu, pode entender o amor que Ele semeava. João foi o divisor de águas da vida de um condomínio inteiro. Ninguém mas queria se ver. Ninguém mais queria conversar. Ninguém mais ousava brincar. Ninguém mais aceitava a vida, que até aquele momento era tão gostosa, sem o João. O tempo passou, e as pessoas foram se afastando, sem sentir ou sentindo, nosso grupo não existia mais. Como rir sem o João? Como rir sem sua alegria constante? Como brincar sem as trapalhadas que Ele fazia? Como conversar sem suas conversas sempre boas para quem estava crescendo? Nos perdemos..

Crescemos. Até hoje, muitos moram no mesmo condomínio, passamos um pelos outros, como se nunca tivessemos vivido tantos momentos juntos. Temos respeito uns pelos outros. Mas tudo mudou. Ficaram as lembranças, ficaram as alegrias e ficou principalmente essa tristeza, uma dor de pequenos adolescentes.

No meu prédio, a união jamais foi desfeita. Aqueles que desde meus 8 anos moram, continuam vizinhos fiéis, daqueles que cuidam um dos outros, emprestam açúcar, ou tomam conta da chave se necessário. Tenho minha vó emprestada, tenho a família que amo, tenho meu Tio e minha Tia. Tenho o cuidado e preocupação, e vice-versa. São personagens que pra sempre vão ficar, e que viveram meu crescimento.

Vizinhos pra mim, se tornaram extensão da minha casa. Lembro de tantos momentos em que Eles foram a salvação. Como a perda do meu Pai, em que todos os 'Tios' estiveram tristes pelo amigo perdido, mas solidários e apoiando cada minuto. Já me seguraram de convulsões, já correram atrás de médico nas horas mas incomuns, que minha mãe estava sozinha e perdia o controle, por me ver passando mal. Compartilharam todas as minhas perdas, e todas vitórias. Meu prédio, para mim, é uma exceção dentro do meu condomínio, junto com um condômino, um Senhor, distinto, de 60 anos, que se chamava 'Seu' Luiz.

Seu Luiz era energia. Seu Luiz era força. Seu Luiz era carismático. Seu Luiz era carinhoso. Seu Luiz era amigo. Seu Luiz era sonhador. Seu Luiz era contador de histórias. Seu Luiz apareceu com seu jeito único, baixinho, dizendo: Senhorita. Eu levei anos para conseguir fazer com que ele me chamasse de 'você'. No seu lindo pensamento, uma mulher, tinha que ser tratada dignamente, desta forma, como Senhora ou Senhorita. Seu Luiz me convência com suas palavras que todos os problemas do mundo, eram culpa do 'sistema'. Ele sempre esteve certo. E dessa forma, levavamos uma cumplicidade, onde ele me contava suas histórias de ontem e hoje, e eu dava gargalhadas. Seu Luiz era um apaixonado, um brasileiro apaixonado pela VIDA.

Seu Luiz faleceu HOJE. Numa queda solitária, no seu cantinho, no seu lar. Sem despedidas e só lágrimas. Seu Luiz era sonhador, e eu adorava embarcar nos seus sonhos... Uma estrela chegou no céu, brilhando, brilhando muito! E mais uma marca minha vida carrega.

"Você partiu e me deixou.
E nunca mais você voltou.."

domingo, 2 de agosto de 2009

o ídolo..

Não posso negar meu passado, muito menos meu presente. Sou fã. Sou fã de alguns artistas. Sou fã de música. Sou fã daquilo que invade minha alma e com canções e interpretações me completam. Quem me conhece o suficiente, sabe quem são meus ídolos, e o porquê de serem. Mas sempre carreguei o medo de perder a identificação com eles, de não acreditar no que escuto, de não ver sentido em tudo que por eles são criados.

Ana Carolina. É o ponto de encontro da minha vida. Tantos anos dediquei minha vida a uma artista e em consequência aos seus fãs, onde me incluo. Poucos entendem minha visão sobre quem Ela é. Ana entrou na minha vida no início da sua carreira. Vi seu crescimento completo, arrebentando em todas as rádios, novelas, programas, em shows de 3 reais até os atuais, tão caros. Ri, dei gargalhadas, chorei, mas chorei muito, fiz piada, dei muitas entrevistas, participei do dvd, comecei namoros, terminei namoros, paguei micos, fui muito xingada, muitas viagens, fiz muitos amigos, pessoas entravam e saiam da minha vida (pela mesma porta), tive o pior acidente da minha vida, ansiedade, dor, alegria, tristeza, tantos foram os sentimentos que envolveram tudo que vivi em torno dessa artista, que impossível achar que tudo vai acabar, quando eu desejar..

Ana é uma artista completa, dentro do que eu admiro. É uma artista que consegue, quando a letra de uma canção não é tão boa, hipinotizar com sua voz. É uma artista, que quando a canção é tão forte, minimiza-se pra que todos "olhem" para a música. É uma artista que doa sua alma, seu coração e sua voz a um trabalho, mesmo que este não seja meu preferido ou o de muitos. O meu sentimento de fã, mora bem ai, quando vejo, que a Ana faz o que quer, é quem quer, independente do que os outros querem dela. E no palco, Ela simplesmente é a Ana Carolina, aquela que nunca mudou sua postura para agradar os outros. E dessa forma, sei me adaptar ao que gosto, e deixar de lado o que não gosto. Essa é a minha forma de ser fã.

Devo muito a Ana, muito mais do que imaginam. Devo o carinho, o respeito, o abraço forte de sempre, meus bons sonos, a atenção e preocupação. Devo essa visão da música, onde duelamos com nossos gostos. Hoje, eu me sinto em paz, pra dizer, que sozinha, consigo muito mais admirar a artista. Sozinha, consigo dizer sim ou dizer não, mas continuar gostando e sendo fã. O fim do Papel Fuleiro foi uma etapa necessária pra mim, e podem ter certeza que para muitos. Não sinto falta de nada, porque consigo guardar tudo de melhor que ali construi, me doando, sendo eu.

E a cada novo trabalho, a ansiedade volta, o medo de dizer 'não' ao conjunto, a vontade louca de ver aquela voz arrasar nos palcos e ter a certeza que tudo vale a pena, me vem a sensação louca dos mais de 200 shows que já fui, a sensação de que nada passa despercebido, tudo é diferente, tudo muda, tudo evolui, e precisamos nos adaptar, mesmo que não gostemos, porque a essência, a verdadeira essência, jamais muda, e basta fechar os olhos, ver o filme, e pensar que o futuro vai ser diferente, o nosso e de todos os artistas. 'Tudo se transforma'.

Acabei de ouvir o novo trabalho da Ana, N9VE, e posso dizer: obrigada, sua essência continua viva, mesmo com mudanças claras, suas palavras, melodia e voz, fazem o conjunto perfeito que desejo nos meus ídolos, que são raros. Os 10 anos de carreira de Ana Carolina não é por acaso, é simplesmente por ser uma das maiores cantoras brasileiras, que somam a voz, a música e a interpretação, dando nome a obra, dando identidade ao trabalho. É diferente, mas sedutor, gostoso e as 9 músicas dão o tom certo a obra, não precisando de qualquer uma para se completar.

'Fora, seu silêncio me devora.
Algo diz pra eu ir embora.
Não entendo seus sinais.
Mas fica com você.
A desculpa pra inventar.
Quando o riso ver ligar.
Posso não te querer mais.."