sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Coração...

"Um dia eu vou estar à toa
E você vai estar na mira
Eu sei que você sabe
Que eu sei que você sabe
Que é difícil de dizer
O meu coração
É um músculo involuntário
E ele pulsa por você
Um dia eu vou estar contigo
E você vai estar na minha"

Músculo involuntário que pulsa quando menos esperamos. O controle é impossível de se ter. É uma sensação forte, que dispara, e só se sente. O susto que levamos quando pensamos. O ciúmes que nos envolve sem que percebemos. O carinho natural que dá o toque a essa mistura. É a incerteza do que possa acontecer. É o atestado da falta de controle sobre determinadas áreas e sentimentos da vida.

Tenho medo quando 'ele' pulsa. Prefiro ele calmo. Bem calmo. Não consigo.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

2008...

Todo ano chega ao fim. E o fim pode ser feliz ou triste. Na verdade, todo ano refletimos o que nos aconteceu de bom ou ruim, como uma balança, pesando as coisas ruins e as coisas boas. Eu sempre tenho medo dessa balança.

No último ano, meu balanço foi triste. Foi o mais triste. Saldo negativo. E daí, mesmo não desejando, começamos o ano pensando que temos que superar. Enquanto devemos é viver!

'Todo dia é de viver
Para ser o que for e ser tudo'

O ano terminou, e não parei para analisar. Sempre acho que o ano passa rápido, e esse não poderia ser diferente. Só que o tempo, esse ano, foi diferente. Como pode ter passado rápido, se tantas coisas aconteceram? Acho que esse ano durou muito, o suficiente, para viver intensamente, e conseguir entender o que preciso melhorar.

2008 foi um ano intenso. Um ano de conhecimento interior. Um ano de decisões pessoais. Um ano de alegrias. Um ano de tristezas. Um ano de vitórias. O saldo foi tão positivo, que viviria tudo novamente!

- 6 meses desse longo ano, vivi fora do meu amado país. Vivi a vida americana, que de tão fria, nos torna gelada. Mas tinha ao meu lado o amor novo, conheci o meu sobrinho Antonio, pude doar todo amor a ele! Virei madrinha, ganhei de presente da irmã essa missão. Vivi com a minha irmã dias alegras e dias tristes. Cresci muito. Fiz duas tatuagens. Amizades fortalecidas mesmo com a distância. Línguas. Estrangeiros. Brasileiros. Amor. Muito amor. Um cunhado maravilhoso. E a paz no coração. Dias dificies, dias tristes. Vontade do Brasil. Vontade da família. Solidão. Mas tudo superava com o sorrido de criança.

- Namoro. Idas e vindas. Tristezas e alegrias. Definições. Amor esgotado. Fim. Nem tudo é pra sempre, 'o pra sempre, acabou'. Decisão tomada, e fortalecida por ações. Força. Família. Amigos. E o fim de uma etapa longa da minha vida. Tão esperado por uns, e sem aceitação por outros. Mas meu coração decidiu, e feliz ficou.

- Justiça! O ano que essa palavra me aterrorizou. Condenado ao que não se fez, ficamos sem ação. Com as mãos atadas. E assim estou, termino o ano com as mãos atadas, mas com a alma leve, e com a certeza de que tudo vai correr da forma que Deus achar correto.

- Amigos. Distância. Solidão. Definitivamente foi um ano onde não me dediquei aos verdadeiros amigos. E já entrei na fase do arrependimento. E eles sabem disso. Mas o amor supera tudo. Encontros alegres, telefonemas gostosos, emails presentes, e a amizade sempre existente. Os poucos e verdadeiros são pra sempre.

- O ano da família. O amor da família é insubstituível. E a esse amor, eu me dediquei. Tive um ano de união, de entrega. Onde pude ter todos juntos, como se fossemos um. Finalizo assim. Juntos, unidos. E amando por demais. Tive minha irmã por 6 meses, o que me fortaleceu, para mais anos ficar longe dela - mesmo sendo complicado, e existindo as saudades. Um ano onde tive meu irmão mais presente. E principalmente, o ano que eu e minha mãe demos a mão e caminhamos juntas. Somos uma, sempre fomos, e pra sempre seremos!

- Ano sem crise convulsiva. É uma vitória. Primeiro ano da minha vida onde não levo o terrível susto que sempre carreguei. A maior vitória de todas. Obrigada Deus. A epilepsia existe em mim, mas não vai jamais me dominar. Serei sempre uma lutadora contra essa causa. Jamais me entregarei ao que não me define, e ao que não me faz bem. Se tenho? Luto.

- Pessoas. Novas pessoas. Pessoas lindas. Especiais. E que preencheram um vazio que existia, e que só me dei conta, quando presentes. Já me fizeram chorar, rir, sentir, cantar, dançar, falar, amar. Em pouco tempo, tais pessoas se tornaram essenciais! E de coração. Conseguimos entrar num acordo quando a isso! 'É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã' - E é exatamente assim que estou agindo. E só tem me feito bem.

- Deus. Obrigada por me proteger nesse ano. E sempre. Você me deu prova da sua existência, e é nela que me baseio, para sempre. O maior de todos. E minha reaproximação só está me fortalecendo.

Será que ficou muito feio? É, ficou. Não gosto de escrever dessa forma, mas está ai um resumo de 2008. Os principais pontos. Os principais fatos.

Sempre fica uma pontinha de tristeza quando o ano termina, aquela sensação de medo, com o próximo ano. Vamos mudar a idade, vamos mudar as coisas? Que Deus abençoe esse próximo ano! Talvez volte aqui, talvez não.

Mas preciso terminar essa postagem, com o maior amor da minha vida. E o que 2008 me deu de mais valioso. Ou a vida me deu. Ou minha irmã me deu. Antonio :)


'Tudo que move é sagrado
E remove as montanhas
Com todo cuidado, meu amor
Enquanto a chama arder
Todo dia te ver passar

Tudo, viver a teu lado
Com o arco da promessa
No azul pintado pra durar
Abelha fazendo o mel
Vale o tempo que não voou
A estrela caiu do céu
O pedido que se pensou
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser todo
Todo dia é de viver
Para ser o que for e ser tudo'

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Quase tudo já aconteceu em minha vida. E o ponto de partida, é o exato momento que estou agora. Não pensava que aos 27 anos, iria me sentir em dúvida sobre tantos assuntos. Sobre o que quero, e o que gosto. Vivi tudo muito cedo, e o muito cedo, englobou coisas que foram desafiadoras pra mim. Assumir meus desejos, foram intensamente complicados. E consegui vencer essa etapa. O 'quase tudo' já vivido por mim, me fez chegar a esse ponto.

Sinto extrema necessidade de fazer uma revisão, e colocar as coisas na balança. Mas não consigo. Tenho medo dos passos que vou dar. Tenho medo de não alcançar. Tenho medo de me arrepender. Ao mesmo tempo, carrego a vontade de viver. Vontade de assumir que esse 'friozinho' inesperado, está me enlouquecendo, e que quero mais uma vez quebrar tal barreira imposta a mim, por mim.

O desafio foi lançado novamente. Não sei se estou no ponto de partida inicial, ou se estou de volta a um mundo que deixei de lado. Ou se esse mundo sempre me pertenceu, e dele me afastei. Ou o principal, eu apenas estou permitindo que a vida me surpreenda..

É um misto de medo e vontade. Desejo.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Ao entrar aqui pela última vez, terminei com a música 'Miedo', e agora venho falar do meu atual medo.

Tem coisas na vida de que temos muito medo. Eu tenho vários. Dos menores aos maiores. Mas está latejando o medo que sempre me assusta, o medo das minhas crises convulsivas. Já tive fases da vida onde relaxei quanto a isso, e o resultado foi péssimo. Em outras épocas, me cuidei, e mesmo assim elas me assustavam. E venho de anos, onde cuido a cada segundo da minha saúde, e mesmo assim não fugi a regra da vida - nada é planejado e acontece quando menos esperamos. Minha última crise foi triste.

Triste porque desafiou o bem maior: a vida. Desafiou meus sentidos, meus passos, minha liberdade. Eu acordei de uma 'viagem' em cima de uma cama de hospital. Foram dias tristes, dias frios, dias onde a voz das enfermeiras se tornava aconchegante, ou a conversa de uma visita desafiava a realidade. Lembro da janela aberta, e o céu ao meu lado, era uma saída para as horas passarem. Mas os remédios faziam seu papel, em me dar o descanso ao longo de um mês interminável onde uma vida seria decidida na mão de uma equipe médica.

As lembranças, torpedos, emails, cartas, flores eram recebidos, mas não solucionava. Os amigos chegavam, mas a dor não passava. A família ia e vinha, e a solidão dominava. A mãe foi incondicional, mas aquela verdade era só minha. Eu estava limitada a terrível dor de não saber o dia de amanhã. Não saber se o passo seria dado. Eu esperava tanto por esse passo. Fiz planos. O Anúncio do 'dia da operação' era como o anúncio da decisão da minha vida. Eu estava nas mãos de Deus e de médicos. Bastava a mim, rezar, e permitir que o coração funcionasse.

Por que o dia anterior é sempre o mais triste? Era uma sensação de incapacidade, misturada com ansiedade e pra completar o terrível medo. Não existia remédio capaz de tirar toda a dor ocasionada por todos os sentidos. Fui dopada finalmente, já que precisavam me 'preparar'. Chegou o dia. E as imaginações passaram para o campo real.

Era uma peça, onde eu era a atriz principal. Dividi o palco com algumas marcantes pessoas. O amor de mãe, que foi essencial para encarar a realidade. A voz calma, do famoso anestesista, que consegue nos aliviar, quando acreditamos que não vamos conseguir. O médico louco, que salvou a minha vida, e por sinal, era o ator principal, neurocirurgião, a equipe composta por mais 4 pessoas, e Deus, que me deu a prova de sua existência ao longo dessa jornada.

Apaguei. Começou. No meio de tudo acordei, vozes, rostos, pressão, medo, dor, e novamente, fui apagada. Foram longas 12 horas. E acordei depois de mais 4 horas, na famosa UTI. Não sabia aonde estava, sentia frio, medo, dor, e desespero. Gritei. Médicos chegaram em mim. Gritei muito. Muita dor. Muita. Pressão abaixando, sentidos indo embora. Fraqueza. Gritos. Aparelhos. Ar. Choque. Uma santa médica chamada Adriana (eu decorei o nome) e Deus. Foi nesse exato momento, que escutei dois gritos: 'Vem Carol, volta, não podemos te perder'. E uma luz que dizia: 'Volta, sua vida'. Foram os segundos mais preciosos da minha vida. Onde eu consegui ver dois lados. Eu não sei se fui merecedora de estar aqui hoje. Mas só quem passou por isso, pode entender porque a vida é o nosso bem maior. Minha pressão tinha zerado. Os aparelhos funcionaram. A médica foi quem me salvou. A medicina colaborou. Mas Deus foi quem decidiu. Apaguei novamente. E ao acordar, estava recebendo sangue de almas generosas.

Meu primeiro passo veio depois de 7 dias - onde cai - e assim descobri que tudo iria demorar, mas eu tive a certeza que eu poderia realizar os planos que fiz ao longo de um mês de hospital. Nada foi rápido, foram 4 meses em casa. Cama, banho na cama, comida na cama, duas empregadas, vida privada, televisão, amigos, visitas, família, pena, dó, depressão, fim de namoro, retorno de namoro, dor, muita dor, interminável dor, parafusos, força, MÃE, Deus, avó, fisioterapia intensiva, médicos, remédios, hospital, cadeira de roda, muleta, telefonemas, filmes, engordar, tristeza, alegria, felicidade, primeiro tombo. E o primeiro sinal de liberdade e normalidade: ir sozinha pela primeira vez a padaria. Simples, né? Para todos nós. Só quem se priva de alguma coisa, sabe a real vitória que é, poder ir na esquina e voltar sem qualquer impedimento. Ali, eu fui como criança, rindo, rindo muito, eu dei gargalhadas, falei com todos que encontrava e conhecia, voltei chorando, emocionada, feliz, foi minha vitória. Meu prêmio!

E assim a vida continuou.. E o medo continua dentro de mim. Medo do que sempre pode acontecer, quando não podemos impedir algo que é involuntário a nossa vontade. É rezar, e torcer.

Medo. Muito medo. Sinto algo se aproximando, e não posso controlar. E só posso dividir comigo, ou com quem entende.. Medo.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Não sei me definir. Essa estranha sensação me faz pensar que a interrogação pode estar me preenchendo. Poderia falar do que eu gosto e do que não gosto, será?

Girassol, coruja, azul, preto, cachoeira, nuvens de algodão, tardes ensolaradas, música popular brasileira, a neve caindo pelo corpo, palavras, Wal Mart, dicionários, fotos, livros, rabanada, janeiro, Mãe, vestidos, liberdade, Copacabana, estrelas, água gelada do mar, bolsas, sapatos, viajar, Rio de Janeiro, Flamengo, poucos amigos, gargalhadas, abraço, sinceridade, São Paulo, família, Antonio, casa de Asheville, pessoas, rua vazia, coca light, Direito, cores de Almodóvar, espanhol, vida, Mulher, Homem, sexo.

Pombos, amarelo, areia, chuva, tardes de domingo, funk, falsidade, carros, trânsito, Natal, agosto, calor, medo, ansiedade, lixo, falta de assunto, segunda-feira, inglês, Porto Alegre, a falta da palavra desculpas, ignorância, dor, epilepsia, remédios, pepsi, hamburguer, barulho das ondas da minha casa, tempo.

Gosto e não gosto. Mudam, trocam de lugar. E assim, o questionamento sempre existe. Tenho medo de descobrir quem sou.

"Tienen miedo de reir y miedo de llorar
Tienen miedo de encontrarse y miedo de no ser
Tienen miedo de decir y miedo de escuchar
Miedo que da miedo del miedo que da"

Não sei escrever.

domingo, 9 de novembro de 2008

Meus dedos se atrevem..

Minha boca não quer falar. Meus dedos se atrevem.

Devo? Não sei.

Me abro novamente a temporada das palavras, talvez elas existam, talvez não. Mas cansei de esquecê-las, elas me pertencem, e me dominam.

"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."

E recomeço um momento intímo, com a minha companheira C.L.

Meus dedos falaram.