quarta-feira, 25 de março de 2009

...

O que eu sinto é muito, perto do que tento explicar. O que eu sinto é pouco, perto do que pode ser entendido. O que eu sinto é forte, mas ao mesmo tempo fraco. Eu caminho nessas oscilações em que tento me proteger e quando vejo já estou entregue novamente a um ciclo do qual nunca consigo sair.

Eu não tenho dúvidas que sou louca. E essa loucura é meu guia para ir até aonde posso, e entender o quanto a vida me faz viver em limites. Quando eu penso que terminou, eu vejo que posso estar apenas recomeçando. E quando eu penso que está recomeçando, eu posso estar levemente enganada, e na verdade, já teve seu fim ou não.

Não consigo me entender. Mas consigo sentir. Não consigo bloquear. Mas consigo me entregar. Não consigo definir. Mas consigo suspirar. Porém, eu continuo sendo a mesma, com as variações, com as dúvidas e as certezas. E é isso que me faz continuar.. Por acreditar que mesmo tão instável, a verdade é minha e de mais ninguém.

Desisto. O tão complexo pareço, é o que realmente sou. Não subestimo minha realidade.

domingo, 22 de março de 2009

Tem sentimentos que de tão carregados, não se libertam. Tem histórias de tão complexas, não se acham. Sempre tentei separar a ilusão da realidade. Me questiono até onde devo ir para ter a certeza que não existe determinada história. Qual é o meu limite? O da curiosidade? O do amor? O da verdade? O da ilusão? Minha mente é tão perigosa, que eu sou a primeira a ter medo dela. Nunca penso em uma só coisa ao mesmo tempo. Nunca questiono algo em isolado. Me enrolo em situações onde quando uma termina, a outra começa. E me vejo como vítima de tudo que eu permito ser criado e absorvido.

Carreguei um mundo paralelo, onde confiei palavras, confidências, lágrimas, risadas, encontros, despedidas e um coração. Vivi um mundo paralelo que me definia como personagem principal. Mas esse mundo sempre me colocou como coadjuvante. Tentei algumas vezes recuperar o que inicialmente acreditava ser verdadeiro, aquele elo, aquele mundo, onde tudo se tornava uno. Errei. Meu mundo paralelo é o da ilusão. Eu levei para o real porque quis. E fui escrava de uma história que não existiu. Uma história onde tudo foi construído, mas somente por mim. O cenário era visível, as pessoas existiam, os sentimentos eram verdadeiros, as dúvidas e medos perseguiam, mas o carinho fortalecia. Uma história onde não restavam dúvidas, que não precisava passar um segundo, para o mundo paralelo tornar-se o principal.

Errei. Esse mundo já deu sua resposta. Deixa eu voltar a realidade, enquanto existe tempo.

domingo, 8 de março de 2009

mulher..

"Mulher, ai, ai, mulher
Sempre mulher
Dê no que der
Você me abraça, me beija, me xinga
Me bota mandinga

Depois faz a briga

Só pra ver quebrar
Mulher, seja leal

Você bota muita banca

Infelizmente eu não sou jornal


Mulher, martírio meu

O nosso amor

Deu no que deu

E sendo assim, não insista

Desista, vá fazendo a pista

Chore um bocadinho

E se esqueça de mim"


Falar de mulher, é falar da minha vida, dos meus obstáculos, das minhas admirações e dos meus maiores amores. A conquista dessa data - Dia Internacional da Mulher - pode significar pretensioso aos olhos de muitos, ao meu ver, não é uma data, onde duelamos com os homens, não somos melhores ou piores. Pra mim, o significado deste dia, é o resultado de uma luta contínua pelo espaço dentro da sociedade. Será que conseguimos conquistar por completa este espaço? Ainda não. Muitos passos são necessários. E hoje, a maior dificuldade é o que a própria mulher tem dentro de si: seus limites. Encarar os limites, pode ser como: sou vitoriosa ou sou perdedora. Aceitar os nossos limites, não é vergonhoso, é necessário. Só quando chegamos a tal ponto, é que conseguimos conquistar nosso espaço por completo.

MÃE. O amor eterno. Perdi meu Pai com 13 anos, e tudo até hoje, foi por mérito da minha mãe, conquistando dia após dia o melhor para mim. Minha educação, meus princípios, minha verdade, tudo vem pautado no que Ela é. Minha admiração cresce dia após dia. Uma luta constante, onde caminhamos juntas, como unha e carne. Somos uma. Nós duas para tudo. E esse tudo, coberto de amor, união, carinho e respeito. Essa Mulher não é uma simples mulher. Ela carrega em si, o conjunto completo do que é ser mãe, filha, irmã, tia, professora, conselheira, madrinha, MULHER. É o amor maior, que não existe limites para sua satisfação. Maria Geanette, obrigada por me dar a vida, e me ensinar o que é mais precioso no nosso caminhar: o amor pelo próximo.

("Mas o teu amor me cura. De uma loucura qualquer. É encostar no seu peito. E se isso for algum defeito. Por mim tudo bem...")

Eu quero se forte e corajosa, para experimentar a delícia e a dor de falar sobre o que se vem a mente. Falar abertamente do sentido que esse dia tem, não por ser o 'Dia Internacional da Mulher', e sim, a quem diretamente remete, além das grandes mulheres da minha família. Não é falta de coragem, e sim, uma forma de preservar aquilo que o coração carrega. Tudo que já vivi nessa vida, mesmo que seja pouco aos olhos de quem desconhece, é muito para mim. Foram evoluções, transformações, mudanças, desejos, avanços, que colocando na balança, mostra quem sou, e quem desejo que eu seja pra sempre.

Eu vou sempre ter em mente uma cena da minha vida, onde felizmente, jamais foi apagada, e é nela, que eu volto, quando preciso entender o que minha vida exige de mim, e o que eu quero dela. É nela, que eu me amparo, para entender o que é sentimento, o que é amor, e o que é a MULHER. Eu nunca iria conseguir decifrar tal cena em palavras. Mas fecho os olhos e consigo lembrar.. Quando um calor, refletia o meu mundo.. E o meu mundo era somente uma pessoa.. E essa pessoa teve as palavras ali ditas por mim, no primeiro dia, com a alma e o coração. Ali, eu defini o que é ser mulher, o que é amar a mulher, e o que em mim é mais vivo, o sentimento jamais esquecido - o amor. Eu te amo. O que a minha vida exige, eu não posso ter, eu perdi. Mas posso guardar, o que jamais será esquecido, os anos em que descobri como é maravilhoso ser mulher, e como é precioso desvendar cada pedaço desse mundo fantástico, ainda mais quando compartilhado com alguém que sabe o que é amor, e que entende a mulher, mais do que eu mesma entendo.

("Não há você sem mim. E eu não existo sem você")

Parabéns a todas as mulheres, que na minha vida tem lugar reservado. Que me viram crescer, que cresceram comigo, e que me fazem orgulhosa em tê-las, como avó, como tias, como irmã, como cunhada, como primas, como amigas e como lembranças.

segunda-feira, 2 de março de 2009

mangueira..

'Verde que te quero rosa'

Amor. Paixão. Sempre fui louca por carnaval. Em especial, por escolas de samba. E exclusivamente, o amor à Mangueira. Me encanta as cores e a leveza em desfiles de escolas de samba. É um mundo único, onde viajamos em enredos, contados por mestres, e ilustrados por personagens comuns, do povo. Procurava definir em mim a sensação de cada pessoa quando levava o espetáculo aos nossos olhos. E hoje, eu tenho a certeza, que toda definição construída por mim, é pequena.

Verde e Rosa. Um elo de amor. Em 1984, perto dos 3 anos de idade, eu identifiquei no Jamelão uma figura familiar, depois disso, o amor crescente, me fez delirar toda vez que o rosa se expandia, fazendo o encontro perfeito com o verde. Me emocionava com cada pedaço, podiam falar que ela estava 'feia', que estava 'ruim', mas aos meus olhos, ela era única. A Verde e Rosa me encantava com os traços marcantes, que envolviam meu coração.

Mangueira. Teu cenário é uma beleza. Esse ano, depois de 25 anos, pude entender esse elo e saber o quanto verdadeiro ele é. Eu sempre amei. Só não imaginava o quanto. Vai além do que eu calculava, foi ao limite, de eu entender, que não é simplesmente uma escola de samba, um desfile, um carnaval. A Mangueira atingiu meu coração, como uma pessoa pode atingir. A Mangueira tem vida. Tem raça. Tem força. Tem união. Me entreguei de corpo e alma ao que eu sempre carreguei no colo. Encontrei um mundo desconhecido, onde pessoas comuns se misturam aos realizadores do espetáculo. Onde somos peças fundamentais, mesmo sem imaginar.

(Cada pedacinho do Baluarte, me emociona. Cada detalhe, feito com garra, amor e união de muitos. Meu xodó. Por este, eu me entreguei.)

'A Mangueira não morreu, nem morrerá.'

Hoje, eu mudei o pensamento quanto aqueles que representavam a escola, com seus passos, com seus sorrisos, com seu samba no pé. Vivi o conceito. Aliás, vivi intensamente, antes, durante e depois, o que é representar essa escola. Entrar na avenida, não é tão simples, é a mistura de emoção, amor e paixão. Todos os maiores sentimentos explodindo, e me traduzindo qual é a maior e mais linda sensação do mundo: mostrar o seu amor a todos, expressar por sorrisos, voz e olhares, o que é paixão. E se emocionar, ao ver que tudo que você fez, valeu a pena. Agora, consigo entender todos os sorrisos, todas as lágrimas, e todo amor, eu vivi, e sei que é muito maior, do que pensamos. Uma das maiores emoções já vividas.

Deste mundo, ninguém me tira. A Mangueira é uma paixão. E esse lugar, não é disputado com ninguém. A Verde e Rosa ano após ano, intensifica o que muitos como eu sentem: o amor. Este ano, Ela se superou, me mostrando que no pior momento, igual ao atual, a união e a força conseguem superar tudo, dar a volta por cima, tem gosto de vitória. Obrigada Estação Primeira de Mangueira.


(O reconhecimento da união da nação mangueirense, em dias intensos de entrega a Mangueira, no barracão, no calor, na lágrima, e na força jamais imaginada)

'Todo o mundo te conhece ao longe,
Pelo som de teus tamborins
E o rufar do seu tambor. Chegou... ô... ô...
A Mangueira chegou, ô... ô..."